De
que forma as soluções tecnológicas possibilitam uma análise mais apurada da
área de segurança e contribuem para a redução de custos com esses serviços em
shopping centers
Por Mariane
Rocigno*
De uns tempos para cá, os aplicativos
caíram no gosto dos usuários da web. São soluções que permitem organizar as
tarefas diárias, encontrar o melhor caminho no trânsito, chamar um táxi e até
um app que permite ao usuário usar frases famosas (de filmes – por exemplo)
para dublar a si mesmo em vídeos curtos.
Esse universo chega aos poucos
também à área de segurança dos shopping centers. A Seg One, empresa que oferece
consultoria e treinamento, desenvolveu um aplicativo para fazer auditoria dos
processos de segurança dos shoppings que faz com que o gestor do empreendimento
tenha informação, em tempo real, daquilo que está sendo realizado na ponta,
agilizando o processo. Segundo a empresa de consultoria, outro app que pode ser
utilizado é o de alarme de pânico que tem baixo custo e pode ser aplicado em um
computador da loja ou em celulares das pessoas que trabalham no local bastando
para isso apenas acesso à internet.
Fora os
apps, os avanços tecnológicos foram grandes quando se fala em segurança. São
câmeras de vigilância que têm sensores de presença, identificação facial e
gravam no escuro; o monitoramento de redes sociais que possibilita o
acompanhamento de movimentos externos; e também alguns aplicativos que mapeiam
as áreas de maior incidência de ocorrências e ainda indicam ações para a
prevenção de incidentes. E o que antigamente era uma sala de monitoramento de
câmeras dentro de um shopping, hoje é uma área de inteligência onde se
concentram dados e informações fundamentais à gestão de segurança do patrimônio,
dos trabalhadores e frequentadores do empreendimento. Entre esses dados estão
informações de áreas de mercado, novos modos de criminalidade no varejo,
eventuais manifestações que podem afetar a área do shopping, entre outros.
De acordo
com Ricardo Franco, superintendente regional do Grupo GR, essa área de
inteligência mapeia as informações, as estrutura, filtra e as distribui para
toda a equipe de segurança. “Hoje temos aplicativos que refinam as informações,
com mais velocidade, facilitando a interpretação do que está sendo passado.
Assim, conseguimos consolidar o maior número de informações possível para
tornar a segurança mais preventiva”, enfatiza.
Franco
comenta que muito se evoluiu na questão da gestão da segurança. Segundo ele, há
cerca de dez anos a gestão era feita por funcionários de recursos humanos ou do
setor administrativo. Com o tempo, os shoppings, principalmente das grandes
capitais, começaram a levar especialistas para tratar da segurança junto aos
gestores do empreendimento.
E o
planejamento de segurança tornou-se cada vez mais parte fundamental para que
ocorrências sejam evitadas. “O planejamento é feito de forma personalizada para
cada tipo de empreendimento, considerando a faixa de consumo, as vias de acesso
e toda a área em que o shopping está inserido. Por isso o ideal é planejar a
segurança antes mesmo da construção do mall, já que todos esses fatores
influenciam nesse aspecto”, afirma Ademar Barbosa, diretor de operações da
Verzani & Sandrini. “Mesmo com o shopping em funcionamento fazemos uma
análise desses fatores e geramos um pré-projeto direcionado à área de recursos
humanos, para que seja feito o planejamento do número de vigilantes necessários
para o trabalho, e para a área de materiais, para que sejam definidos quais e
quantos serão os equipamentos utilizados na operacionalização da segurança do
mall.
Ronaldo
Toneloto, gerente comercial corporativo do Grupo Protege, afirma que há algum
tempo a lacuna a ser preenchida ainda era a de planejamento estratégico. “Assim
como empresas de bens e produtos implementaram ferramentas de gestão em seus
processos mais complexos, as empresas de segurança aplicaram as mesmas
ferramentas e ainda desenvolveram outras específicas da atividade”, diz.
Entre essas
soluções, Toneloto destaca a análise e gerenciamento de riscos, que por meio do
conhecimento detalhado do empreendimento, permite a identificação de riscos e
vulnerabilidades, sua mensuração e definição do nível de importância, bem como
as soluções para sua administração. “Dessa forma, começaram a ser elaborados
processos de segurança mais específicos e detalhados, avaliados sob óticas de
matrizes de resolução de problemas e apresentados sob fluxogramas tão complexos
quanto a de qualquer modelo de produção fabril em uma grande empresa”,
completa.
Além de
sistemas eficientes de comunicação e de controle de procedimentos operacionais,
a empresa de segurança Gocil, acredita que os softwares analíticos de imagem se
mostram efetivos na operação de segurança do shopping. De acordo com Ricardo
Bacci, gerente de desempenho da empresa, essas soluções possuem avançados
algoritmos de inteligência artificial que analisam as imagens das câmeras em
tempo real detectando comportamentos fora dos padrões e que podem vir a gerar
situações de risco. “Podemos ser alertados em tempo real sobre pessoas em
atitudes suspeitas nos estacionamentos, aglomerações nas áreas internas e
externas, fluxo de entrada nas portas maior que o normal, pessoas no sentido
contrário nas escadas rolantes ou correndo, aproximação de pessoas em áreas de
risco ou de acesso restrito e tudo mais que possa representar risco”, explica
Bacci.
Segundo ele,
de posse destes dados é possível optar por apenas acompanhar a situação ou
comandar intervenções das equipes de campo de forma pontual e munidas de
informações precisa. Bacci afirma ainda que é fundamental ter pessoas
capacitadas para analisar os dados e informações geradas por essas diversas
fontes. “É preciso ter pessoal treinado para procedimentos operacionais de
atuação elaborados de forma cada vez mais personalizada e suportadas por
softwares que gerem uma visão integrada das informações, da situação e dos
recursos disponíveis”, pontua.
A
Verzani & Sandrini desenvolveu um software que mapeia todas as ocorrências,
mostra estatisticamente os locais de maior incidência de ocorrências e indica
as áreas que necessitam de reforço de segurança. “Depois de inseridos os dados,
a análise deles é feita pela área técnica que gera uma matriz matemática com a
identificação das áreas de maior risco e nível de cada um: se baixo ou alto”,
complementa o diretor.
Nesse
sentido, José Luiz Rodrigues, diretor geral de SIS (Soluções Integradas de
Segurança) da Prosegur reforça que não basta olhar para a segurança de uma
forma clássica. “É preciso vê-la como um dos elos dos serviços de apoio aos
usuários, lojistas e proprietários dos shoppings”, afirma. Além da segurança,
Rodrigues lembra a importância de cuidar do conforto e da saúde das pessoas, em
casos de necessidade de intervenção e acrescenta: “o segredo não é ter acesso a
essas informações on-line, e sim saber tratá-las e usá-las em benefício da
segurança. Isso exige integração de meios e rapidez de ação”, aponta.
Sobre
tendências, o superintendente do Grupo GR diz que a evolução da tecnologia
nessa área é rápida, mas antes de incorporar uma novidade é preciso se
preocupar com a regionalidade e funcionalidade desses sistemas no nosso
mercado. “Sempre reforçamos que tanto a tecnologia como o próprio material
humano, que provém a segurança física, têm de ser bem integrados. Porque não
adianta nada ter informação e não saber usar ou propaga-la da maneira correta”,
completa Franco.
Material
humano é tão importante quanto à tecnologia
Além dos
equipamentos, os agentes de segurança são fundamentais para a operação, e são
os principais responsáveis por transmitir a sensação de segurança, tão
necessária, principalmente nas grandes metrópoles do País. Para o público,
shopping center é sinônimo de segurança e é preciso oferecê-la de forma
adequada aliando pessoas e tecnologia. De acordo com Toneloto, do Grupo
Protege, se antes os processos tinham como base somente a figura do agente de
segurança – tendo como característica principal a rispidez – hoje a necessidade
de orientar o público e operar sistemas eletrônicos fez com que aumentasse a
valorização desse profissional.
Nesse mesmo
sentido, a Verzani & Sandrini Segurança Patrimonial criou recentemente sua
universidade corporativa. De acordo com Barbosa, de nada adianta ter
equipamentos avançados se não tiver pessoas capacitadas para operar as
ferramentas. “Treinamos nossos vigilantes com cursos específicos,
principalmente para trabalhar em shopping center, que requer a prestação de um
serviço diferenciado. O objetivo é que as pessoas tenham a sensação de
segurança, mas não se sintam oprimidas pelos agentes”, pondera Barbosa.
Franco, do
Grupo GR, comenta que 95% da operação de segurança depende do material humano.
“A empresa tem de ter visão de recursos humanos. Por isso temos uma política de
reconhecimento de mão de obra no grupo, damos oportunidade de promoção de cargo
aos funcionários e mantemos ações de motivação, como comunicados no Dia dos
Pais”, ressalta.
Exemplos da participação da segurança nos resultados
financeiros do empreendimento, listados pela Protege.
A
tecnologia permite:
- O alcance
e abrangência de áreas que antes ficavam por conta de pessoas e essa
substituição reduz os custos e despesas com mão de obra.
- Diminui
ocorrências de furto e roubo, bem como as despesas com seguradoras.
- A
redução de gastos com custas processuais e ressarcimentos por responsabilidade
civil, além de exposição por crimes e suas consequências, que também culmina em
ressarcimentos.
- A
implementação de meios de locomoção (segway e motocicletas), que resulta na
diminuição do efetivo (pessoas) necessário para realizar o mesmo trecho de
inspeção de segurança, bem como rapidez em atendimentos diversos, tanto para
emergências médicas, quanto de delitos.